domingo, 25 de janeiro de 2009

Projetos e Tecnologias para a questão dos alimentos no futuro: Fazendas Verticais Urbanas



Agricultura vertical em arranha-céus com dezenas de andares. O Dr. Dickson Despommier, um professor de saúde pública e microbiologia na Universidade de Columbia, desenvolveu a idéia, com a colaboração de seus alunos.Ele afirma que as fazendas verticais poderiam fazer muito mais do que apenas resolver a futura escassez de alimentos. Elas também poderiam impedir o aquecimento global, elevar os padrões de vida no mundo em desenvolvimento e mudar a forma como obtemos nossa comida e descartamos o lixo.
A agricultura vertical é realmente uma possibilidade real para o futuro. Ao transformar a “agricultura horizontal” em “agricultura vertical”, a humanidade nunca teria que se preocupar com o fim da terra arável. Funcionando internamente, as plantações poderiam ser feitas o ano inteiro, sem preocupação com mau tempo, seca ou desastres naturais. Se a construção fosse protegida e cuidadosamente monitorada, não haveria necessidade de pesticidas para eliminar insetos ou parasitas agressivos.
Todo alimento seria cultivado organicamente sem fertilizantes e livre de doenças. Os agricultores verticais não precisariam se preocupar com os conflitos de terra, água e outros recursos naturais, nem lutar contra os alimentos geneticamente modificados, plantas indesejadas ou animais.
Essas fazendas também estariam em áreas urbanas onde a maioria da população da Terra viverá. O resultado é que a agricultura se torna mais um sistema fechado, onde o alimento é cultivado, transportado e consumido, e o lixo é descartado na mesma área metropolitana.
Já que as fazendas verticais existiriam nas comunidades a que serviriam, a seleção das plantas poderia ser adaptada para atender à comunidade local. Compra de alimentos de agricultores locais, que plantam a menos de 160Km da sua casa, para apoiar a economia local e diminuir o impacto ecológico.
Finalmente, talvez o objetivo mais atraente: a terra que foi usada para a agricultura horizontal poderia se transformar em florestas novamente. O resultado seria um grande contrapeso para o aquecimento global. As áreas destruídas poderiam voltar a seu estado natural, repletas de espécies de plantas e animais, reduzindo o CO² da atmosfera e oferecendo um belo parque e espaços florestais para recreação e turismo. A chave para a agricultura vertical é o espaço. O projeto da fazenda vertical sustenta que um hectare interno de agricultura, equivale de 4 a 6 hectares externos.




Projetos e Desafios da Fazenda VerticalA maioria dos projetos de fazendas verticais as representa como arranha-céus elegantes e ultramodernos, com 30 ou 40 andares. Cada andar poderia ter uma série de plantações e pequenos animais. Tanques abrigariam peixes e outros frutos do mar. É essencial o uso da tecnologia para diminuir o lixo e o consumo de energia, além de facilitar a reciclagem. Com esse intuito, as fazendas teriam paredes de vidro, grandes painéis solares, sistemas de irrigação de alta tecnologia e incineradores que queimariam o lixo para obter energia. Uma série de sistemas de monitoramento garantiria que a energia e a água fossem para o lugar certo e que o controle de temperatura fosse cuidadosamente mantido.
A água seria distribuída criteriosamente por meio da irrigação, enquanto que qualquer excesso seria coletado e reciclado. O orvalho poderia ser coletado por meio da evaporação. O esgoto, também conhecido como "água negra", pode ser limpo por algas e plantas e transformado em água potável. Ele também pode ser tratado com o auxílio de filtros e transformado em "água cinza", que é estéril e pode ser utilizada para irrigação. As cidades despejam bilhões de litros de água cinza nos rios diariamente.
O gás metano, em vez de ser lançado na atmosfera, seria coletado. Qualquer excesso de energia seria vendido para a rede elétrica local.
O Dr Despommier acredita que 150 fazendas de 30 andares poderiam abastecer toda a cidade de Nova York. Elegantemente criadas, essas fazendas verticais seriam cuidadosamente colocadas ao redor da cidade ou agrupadas em um local de desenvolvimento próximo. Permaneceriam discretas ou agradáveis aos olhos.
Para que a agricultura vertical seja possível, especialistas de várias áreas têm se unido, incluindo profissionais da agricultura, agronomia, urbanismo, arquitetura, engenharia, economia e saúde pública. Mas não estamos começando do zero. O dr. Despommier e outros especialistas publicaram alguns estudos descrevendo planos para o desenvolvimento e a implementação de fazendas verticais. Na verdade, toda a tecnologia por trás da agricultura vertical já existe, embora poderia levar até 10 anos para calcular a forma de fazer essas tecnologias funcionarem juntas. Ainda assim, já cultivamos plantas de maneira hidropônica (sem solo), em ambientes extremos e em naves espaciais. A biomassa, a coleta de metano e a coleta da água com resíduos estão se tornando ferramentas essenciais de preservação.
Ainda há dois obstáculos para que a agricultura vertical se torne uma realidade: dinheiro e apoio do governo. Entretanto, o dr. Despommier já está em contato com investidores e filantropos que querem estabelecer um Centro de Agricultura Sustentável Urbana. Com investimento suficiente, a primeira fazenda vertical poderia estar em funcionamento (e até se tornar rentável) em 15 anos, e o apoio do governo certamente ajudaria no seu crescimento.
As imagens dos arquitetos sobre fazendas verticais - combinando os Jardins Suspensos da Babilônia e a Biosfera 2, a um modo meio SimCity - parecem estar despertando interesse. "O projeto também precisa impressionar em termos de arquitetura, porque é necessário que funcione igualmente no terreno do marketing social", disse Despommier. "Meu desejo é que as pessoas digam que querem uma torre dessas em sua rua".
Augustin Rosenstiehl, um arquiteto francês que trabalhou com Despommier para projetar um "arranha-céu vivo" modelo, disse acreditar que qualquer fazenda vertical tenha de se adaptar a um lugar específico. Rosenstiehl, principal projetista do escritório de arquitetura Atelier SOA, em Paris, disse que "não podemos realizar um projeto sem saber onde, por que e como vamos cultivar. Por exemplo, em Paris seria estúpido cultivar trigo, porque ele é plantado em torno da cidade, e é trigo de boa qualidade. Não há razão para construir torres caras demais".

[Fonte: How Stuff Works Brasil, http://ciencia.hsw.uol.com.br/fazendas-verticais.htm e The New York Times].

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