quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ônibus Movido a Hidrogênio



A cidade de Londres, na Inglaterra, famosa por seus ônibus vermelhos de dois andares, segue inovando na área dos transportes públicos. No início de Maio, o prefeito da capital inglesa anunciou, com pompa, a encomenda de dez ônibus movidos a hidrogênio, que devem entrar em operação em 2010. “O hidrogênio é o combustível do futuro, pois ajuda a controlar a poluição atmosférica e sonora, sem comprometer o desempenho do veículo”, afirmou Ken Livingstone. A aquisição dos dez novos ônibus, a serem produzidos pela montadora americana ISE, faz parte de um plano ambicioso de ter, até 2015, 5% da frota de veículos públicos – incluindo caminhões, microônibus e carros – impulsionada por motores a hidrogênio.
“Londres será a primeira cidade européia a contar com uma frota como essa. É um passo decisivo para atingirmos a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em nossa cidade”, disse Livingstone. Em Londres, 22% das emissões desse tipo, que contribuem para o aquecimento global, são causadas pelo seu sistema de transporte.

Os novos veículos possuem uma célula combustível que combina o hidrogênio com o oxigênio capturado do ar, produzindo vapor d’água e energia elétrica. Essa energia é usada pelo motor elétrico do ônibus, cujas descargas limitam-se ao vapor d’água – um avanço e tanto quando pensamos na quantidade de fumaça preta que os veículos tradicionais, movidos a diesel, despejam no ar.


Outras experiências:
Outras cidades do mundo investem em iniciativas similares à de Londres. Oakland, nos Estados Unidos, é uma delas. Na cidade da Califórnia, estado que possui uma das legislações mais restritivas ao sistema de transporte, acaba de ser feita a maior encomenda nos EUA de ônibus equipados com motores com células de combustível a hidrogênio – oito no total, que começarão a transportar passageiros em 2010.
O investimento da empresa de transportes AC Transit é resultado de um período de testes feitos com um veículo a hidrogênio, durante dois anos, nos quais, além do benefício de menor emissão de poluentes, constataram-se menor geração de ruído e economia de combustível. “Os testes mostraram um veículo que usa menos combustível e roda silenciosamente”, afirma Rick Fernandez, gerente-geral da AC Transit. Além de Londres e Oakland, outros exemplos de cidades que estão experimentando a tecnologia são Amsterdã, Madri, Luxemburgo e Berlim, que, até o momento, possui a maior frota de veículos movidos a hidrogênio, 14 no total. No Brasil há duas iniciativas que buscam desenvolver uma tecnologia própria. O primeiro ônibus a hidrogênio genuinamente brasileiro, porém, ainda não saiu do papel.


Desafios:
O consenso sobre os benefícios da adoção do hidrogênio como combustível veicular já existe. O que parece frear o seu uso em larga escala é, principalmente, o custo. Os dez ônibus comprados por Londres neste ano, por exemplo, custaram aos cofres da cidade algo em torno de 9,7 milhões de libras (cerca de 30 milhões de reais), o que inclui os custos de manutenção por um período de cinco anos.
Comparando-se com o valor médio de um ônibus a diesel, cerca de R$ 300.000 reais, um veículo a hidrogênio chega a custar dez vezes mais. Além disso, há o longo caminho a percorrer para viabilizar uma rede de abastecimento de hidrogênio. Em Londres, ele é obtido a partir do gás natural, o que implica emissões de carbono. E o uso de fontes renováveis, como a energia eólica e a biomassa, ainda é caro.



São Paulo na frente:
Conhecida por seu trânsito caótico, São Paulo deve se tornar a primeira cidade no país a ter em suas ruas um ônibus movido a hidrogênio. O projeto do Ministério das Minas e Energia e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) tem investimento estimado em 36 milhões de reais. O veículo foi testado em outubro do ano passado e deve chegar às ruas ainda em 2008. Ele deverá circular durante quatro anos no corredor metropolitano que atende a cinco municípios da Grande São Paulo. O hidrogênio que abastecerá o veículo será produzido com o apoio técnico da Petrobras.
Iniciativa parecida está ocorrendo no Rio de Janeiro, em projeto desenvolvido pela COPPE (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ). Um protótipo de ônibus a hidrogênio deve começar a circular regularmente ainda neste ano no campus da universidade, conhecido como Ilha do Fundão. Desenvolvido a um custo 50% inferior ao dos protótipos europeus, segundo a COPPE, o novo ônibus terá autonomia de 300 quilômetros e utilizará somente energia de pilha a combustível, alimentada a hidrogênio, e de baterias.


(PLANETA SUSTENTÁVEL, http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_295201.shtml, 24/10/08).

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