segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Engenharia Ambiental

A Engenharia ambiental é um ramo da engenharia que estuda os problemas ambientais de forma integrada nas suas dimensões ecológica, social, econômica e tecnológica, com vista a promover o desenvolvimento sustentável.

Segundo a resolução do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) a Engenharia Ambiental se enquadra no:
  • Grupo: 01 - ENGENHARIA
  • Modalidade: 01 - CIVIL
  • Nível:01 - GRADUAÇÃO
  • Código de curso: 111-01-00
Os títulos atribuídos aos profissionais da Engenharia Ambiental previstos na legislação do CONFEA são:
  • Profissionais do sexo masculino: TÍTULO DE ENGENHEIRO AMBIENTAL abreviação Eng. Amb.
  • Profissionais do sexo feminino: TÍTULO DE ENGENHEIRA AMBIENTAL abreviação Eng. Amb.
A Engenharia Ambiental é um curso novo mas que, devido a desestruturação que tem vindo a ocorrer no meio ambiente, tende a ser uma profissão bastante cotada e principalmente no Brasil, que é um dos países que vem sendo mais afetado devido ao aquecimento global, e por ser um pais com intenso fluxo industrial.O engenheiro ambiental tem como função ajudar em projetos para diminuição do aquecimento global, evitando o envio dos gases ricos em CO2 para a camada de ozônio.Não só essas mas a reestruturação de rios e afluentes, controlar e amenizar a poluição da água, entre inúmeras outras funções, que colocam a engenharia ambiental como a "profissão do futuro".


O curso de Engenharia Ambiental foi criado pela RESOLUÇÃO Nº 447, DE 22 DE SETEMBRO DE 2000 que Dispõe sobre o registro profissional do engenheiro ambiental e discrimina suas atividades profissionais.


Competências do engenheiro ambiental dentre as engenharias
Compete ao engenheiro ambiental o desempenho das atividades 1 a 14 e 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos.

Atividades previstas para o Engenheiro Ambiental

  • Supervisão, coordenação e orientação técnica;
  • Estudo, planejamento, projeto e especificação;
  • Estudo de viabilidade técnico-econômica;
  • Assistência, assessoria e consultoria;
  • Direção de obra e serviço técnico;
  • Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e Parecer técnico;
  • Desempenho de cargo e função técnica;
  • Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão;
  • Elaboração de orçamento;
  • Padronização, mensuração e controle de qualidade;
  • Execução de obra e serviço técnico;
  • Fiscalização de obra e serviço técnico;
  • Produção técnica e especializada;
  • Condução de trabalho técnico;
  • Execução de desenho técnico.


Atuação do engenheiro ambiental
No Brasil, o Engenheiro Ambiental tem por função resolver problemas concretos de prevenção e remediação (atividade corretiva) diante das ações antrópicas mediante aplicações da tecnologia disponível, pontual e localmente apropriada. De modo geral, tanto no âmbito público como privado, sua atuação deve atender aos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente,[1] em obediência ao Artigo Nº 225 da Constituição Federal. Além disso, deve também atender às preocupações ambientais mais amplas, consideradas em tratados internacionais como exigências relativas ao clima da Terra, entre outros.
São exemplos as determinações das Cartas de Estocolmo (1972), do Rio de Janeiro (ECO-92), a Convenção de Viena (1985), o Protocolo de Montreal (1987), relativo à camada de Ozônio, o Protocolo de Quioto (1997), o Protocolo de Annapolis e a Conferência promovida pela ONU em Bali (2007) quanto às mudanças climáticas.

De modo geral, sua atuação tem em vista condições de contorno ambientais próprias do entorno circundante. Deve também preocupar-se com o efeito abrangente por sobre a extensão territorial afetada - exemplificada pela bacia hidrográfica quanto às águas e, o potencial da emissão atmosférica potencialmente carregada pelos ventos para local distante. Evidentemente também prevenir sobre possibilidade de outros vetores capazes de provocar alterações de natureza diversa.
De outra parte, o planejamento e a antevisão dos impactos ambientais expandem a responsabilidade da análise prospectiva (atividade preventiva) por sobre o "vir a ser" das coisas. E torna-se agente do próprio desenvolvimento econômico em termos da ética vinculada ao progresso e bem estar da coletividade, tal como de modo claro estabelece o Código Ético Profissional em seu primeiro Artigo. E pela competência instituída pela lei (5.194/66) e atribuições pelo CONFEA - Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia, deverá fixar as exigências técnicas a serem atendidas em relação aos empreendimentos tanto de natureza pública como privada. Por este motivo, o seu mercado de trabalho é bastante heterogêneo e distribuí-se por: administração central, seus serviços descentralizados a nível regional, administração local, empresas indústriais, empresas de consultoria, empresas de serviços, ONGs, instituições de investigação e ensino superior.
Uma das aptidões que devem ser desenvolvidas pelo engenheiro ambiental é a avaliação da duração, magnitude e reversibilidade das alterações causadas pela atividade humana no meio ambiente, independentemente de sua natureza adversa ou benéfica
Matérias Aprendidas na faculdade de Engenharia Ambiental
"De acordo com a Portaria nº 1693, 5 de dezembro de 1994, o Ministério da Educação e do Desporto, as ementas das matérias do curso de engenharia ambiental devem conter os seguintes conteúdos...."
  •  Biologia — Origem da vida e evolução das Espécies. A célula. Funções celulares. Nutrição e respiração. Código genético. Reprodução. Os organismos e as espécies. Fundamentos da microbiologia. Organismos patogênicos e decompositores. Ecologia microbiana.
  •  Geologia — Características físicas da Terra. Minerais e rochas, Intemperismo. Solos. Hidrogeologia. Ambientes geológicos da erosão e deposição. Geodinâmica. Tectônica. Geomorfologia.
  •  Climatologia — Elementos e fatores climáticos. Tipos de classificação de climas.
  •  Hidrologia — Ciclo biológico. Balanço hídrico. Bacias hidrográficas. Escoamento superficial e subterrâneo. Transporte de sedimentos.
  •  Ecologia Geral e Aplicada — Fatores ecológicos. Populações. Comunidade. Ecossistemas. Sucessões ecológicas. Ações antrópicas. Mudanças globais.
  •  Hidráulica — Hidrostática e hidrodinâmica. Escoamento sob pressão. Escoamento em canais. Hidrometria.
  •  Cartografia — Cartografia. Topografia. Fotogrametria. Sensoriamento remoto.
  •  Recursos Naturais — Recursos renováveis e não renováveis. Caracterização e aproveitamento dos recursos naturais.
  •  Poluição Ambiental — Qualidade ambiental. Poluentes e contaminantes. Critérios. Padrões de emissão. Controle.
  •  Impactos Ambientais — Conceituação. Fatores ambientais. Instrumentos de identificação e análise. Os Impactos ambientais. Avaliação de Impactos Ambientais.
  •  Sistemas de Tratamento de Água e de Resíduos — Processos físico-químicos e biológicos do tratamento da água e dos resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
  •  Legislação e Direito Ambiental — Evolução do direito ambiental. História da legislação ambiental. Legislação Básica Federal, Estadual e Municipal. Trâmite e práticas legais.
  •  Saúde Ambiental — Conceito de Saúde. Saúde Pública. Ecologia das doenças. Epidemiologia. Saúde ocupacional.
  •  Planejamento Ambiental — Teoria de planejamento. Planejamento no sistema de gestão ambiental.
  •  Sistemas Hidráulicos e Sanitários — Sistema de abastecimento de água. Sistemas de esgotos sanitários. Sistemas de drenagem. Sistemas de coleta, transporte e disposição de resíduos sólidos.
  •  Física E Matemática — os cálculos são fundamentais no curso.Pois antes de tudo ele é um curso de engenharia, o profissional terá que construir projetos,então os essas matérias estão integradas no curso de Engenharia Ambiental.
Áreas de atuação
  • Algumas das áreas de atuação do engenheiro ambiental são:
  •  Análise de riscos ambientais
  •  Auditorias e diagnósticos ambientais
  •  Avaliação de impactos ambientais
  •  Contabilidade ambiental
  •  Controle de qualidade ambiental - sistemas de monitoramento e vigilância
  •  Detecção remota aplicada a ambiente e ordenamento do território
  •  Ecodesign e análise do ciclo de vida
  •  Educação e sensibilização ambiental
  •  Geologia Ambiental
  •  Diagnósticos e Investigações de Passivos Ambientais
  •  Gestão ambiental
  •  Gestão de recursos naturais e conservação da natureza (Meio Urbano, Rural e Costeiro)
  •  Gestão de resíduos sólidos
  •  Licenciamento Ambiental
  •  Modelagem ambiental
  •  Ordenamento do território (uso do solo), planeamento regional e urbano
  •  Planejamento energético e energias renováveis
  •  Poluição da água, poluição atmosférica, poluição do solo e ruído
  •  Redes de saneamento, (tratamento de água e de efluentes)
  •  Emissários submarinos e sub-fluviais
  •  Hidrologia e hidrogeologia
  •  Remediação de Áreas Degradadas
  •  Regulamentação e normalização ambiental
  •  Seguros e ambiente
  •  Sistemas de informação ambiental
  •  Tecnologia/Produção limpa
  •  Tratamento de águas residuárias e de abastecimento
  •  Redução e controle das emissões de material particulado (poluição atmosférica)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Earth 2100: A Terra em 100 Anos

"Quando uma espécie se prolifera muito mais que as outras, sobrecarrega o sistema de apoio à vida que consequentemente entra em colapso."

Estima-se que o por volta do ano de 2015, atingiremos o ponto sem volta na degradação do planeta e suas consequências. Ou seja, a partir de meados desta década, nada mais que se faça será suficiente para frear os efeitos colaterais de todo estrago feito desde a industrialização. Isso significa que todos os processos que desencadeamos com nosso crescimento e consumo desordenados, não poderão mais ser parados até que cumpram seu ciclo e tudo que nos restará será olhar e esperar pelo período em que as mudanças começarão a surtir efeito. Não sem antes sofrer as consequências das mudanças que não conseguiremos mais impedir.
O documentário Earth 2100, da rede americana ABC mostra como esbanjar recursos naturais não pode ser uma boa idéia para a humanidade. A história é contada em primeira pessoa, como se fosse o relato de uma mulher que nasceu em 2009, contando a história até 2100. Crise do aquecimento global, crise energética,pestes, metrópolis inundadas etc. Todos estes cenários catastróficos são abordados no documentário, que longe de ser alamistra, mostra que em breve pode ser tarde demais para resolvermos estes problemas que podem afetar nossa civilização. Há uma grande crítica política ao "American Way of life", o estilo de vida americano que consome tantos recursos naturais.
Alguns cientistas alertam que as degradações ambientais visita no início do século XXI só irão piorar a ponto de que, até o ano 2100, a civilização moderna entrará em colapso e a humanidade será mergulhado em uma subsistência feudal, nível semelhante ao da Idade das Trevas. Apresentado pelo jornalista Bob Woodruff, este documentário especial da ABC News imagina o que esse mundo cataclísmico sofreria através de animações e entrevistas com renomados cientistas e especialistas.


"To Change Our Future, First We Must Imagine It. Para Mudar Nosso Futuro, Primeiro Temos Que Imaginá-lo."
O documentário explora a pior perspectiva futura se o homem não agir contra os problemas atuais que ameaçam a civilização, como a mudança climática, o crescimento populacional e o mau uso dos recursos energéticos. Os fatos se desenvolvem paralelamente à vida da personagem fictícia, “Lucy”(contada através do uso de imagens e animações), enquanto ela relata como eles afetaram a sua vida. O programa inclui previsões da Terra nos anos de 2015, 2030, 2050, 2085 e 2100, feitas por cientistas, historiadores, antropólogos e economistas, incluindo Jared Diamond, Thomas Homer-Dixon, Peter Gleick, James Howard Kunstler, Heidi Cullen e Joseph Tainter. Segundo o produtor Michael Bicks, “o programa foi criado para mostrar a pior perspectiva para a civilização humana. Porém, não afirmamos que esses fatos irão se concretizar —mas, se falharmos em resolver problemas como a mudança climática, o esgotamento dos recursos e a super-população, é provável que se concretizem”.
Parece inconcebível que a sociedade moderna, o mundo moderno que conhecemos possa ruir. Mas cada sociedade que desapareceu pensava que isso não ocorreria a ela. Como por exemplo o Império Romano, a Civilização Maia, o Império Bizantino, a Civilização da Ilha de Páscoa entre outras tantas. Em seu auge, a civilização Maia tinha mais de 10 milhões de pessoas. Eles tinham astronomia, escrita, artes e etc. Eles eram o equivalente a nós em sua época. Mas cresceram demais e exauriram seus recursos.
O crescimento populacional significa demanda por terra, água e comida; e em consequência, o aumento do desmatamento e da erosão do solo, que acabam por levar ao estado de guerra.
E então o clima mudou de repente e houve uma série de secas longas. Assim, perde-se a floresta, perde-se o solo e se você perde o solo, não pode cultivar nada e se para de chover, então não há o que fazer. O fim dos Maias deve ter sido horrível.
O império Romano por sua vez enfrentou muitos dos problemas que enfrentamos hoje e assim tantos outros. Antigas civilizações perderam a luta, elas colapsaram como resultado da incapacidade de lidar com vários eventos diferentes simultaneamente. Nós não somos diferentes. Por exemplo: O que a civilização da Ilha de Páscoa estava pensando, quando eles derrubaram a última árvore?
O padrão é claro: As civilizações que crescem e consomem demais, destroem seu próprio sistema de suporte à vida e quando os recursos acabam, começam a lutar entre si pelo que restou, então morrem ou partem. A pergunta é: Em nosso caso, para onde iríamos???

"O colapso não acontece do dia para a noite. É o resultado do acúmulo de tensões, uma erosão da força interna da sociedade até que ele se torne uma casca de ovo e basta apenas um último impacto para quebrá-la."


Hora do Planeta

A Hora do Planeta, conhecida globalmente como Earth Hour, é um ato simbólico no qual todos são convidados a mostrar sua preocupação com o aquecimento global. É uma iniciativa global da Rede WWF para enfrentar as mudanças climáticas.

Durante a Hora do Planeta, pessoas, empresas, comunidades e governo são convidados a apagar suas luzes pelo período de uma hora para mostrar seu apoio ao combate ao aquecimento global.



Junte-se a este movimento! Visite o site www.horadoplaneta.org.br e veja como participar!
"A Hora do Planeta é um movimento de todos nós. Ela une cidades, empresas e indivíduos para demonstrar às lideranças mundiais - e, principalmente, para mostrar uns aos outros - que queremos uma solução contra o aquecimento global. É uma oportunidade única para nós, brasileiros, de nos unirmos com a comunidade global em uma única voz para deter as mudanças climáticas." Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil

Human Footprint - A Pegada Humana

Documentários National Geographic - A Pegada Humana

Um documentário fascinante que nos mostra o que consumimos e produzimos durante os quase três biliões de segundos que em média passamos na Terra! Sabia que uma pessoa durante a sua vida em média pode comer cerca de 10.800 cenouras, 10.000 barras de chocolate ou derramar lágrimas em quantidade equivalente ao líquido de 121 canecas? Utilizando arte e ciência este fantástico documentário mostra que quantidade de comida e bebida consumimos durante toda a nossa vida, quantas lágrimas choramos, quanto tempo em média gastamos em viagens, em compras, em amor, ou simplesmente desperdiçamos.

O Ponto Sem Volta

Quem foi criança nos anos 1970 ou 1980 muito provavelmente já brincou de Pega Varetas. O jogo, ainda à venda, consiste em deixar cair um punhado de palitos coloridos sobre uma mesa e, depois, coletar todos de uma determinada cor sem mexer nos demais. Mais que sorte, exige uma boa dose de destreza, pois muitas vezes um palito aqui mexe com outro acolá. É exatamente isso que acontece quando uma espécie é extinta na natureza. Mas, neste caso, a mesa é gigantesca e há centenas de milhares de varetas espalhadas.

A imagem lúdica é usada pelo pesquisador da Unicamp Thomas Michael Lewinsohn para ilustrar por que as crescentes perdas de diversidade biológica no planeta colocam em risco nossa própria sobrevivência. Se no jogo de varetas as variáveis que determinam o sucesso dos jogadores se limitam à sua quantidade, tamanho, forma, peso e disposição sobre a mesa, no tabuleiro da Terra as variáveis são infinitamente mais complexas, indo do clima e da geografia à economia e à política.
“O que chamamos de biodiversidade é um conjunto muito rico de organismos que formam sistemas vivos e são essenciais à qualidade e integridade de todo tipo de vida no planeta, inclusive a nossa”, explica o pesquisador, que preside a Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação. “Não é simplesmente uma coleção de organismos vivos, mas um grande emaranhado de relações que se mantêm funcionando como sistema. Possui uma capacidade de recuperação grande, mas não ilimitada”, completa.
Comprometer essa capacidade de recuperação, ou resiliência, gera problemas como erosão, perda de capacidade de recarga de aquíferos, eutrofização e muitos outros efeitos difíceis de prever e acompanhar. Isso porque as relações dentro do sistema que mantêm a Terra funcionando tal como a experimentamos hoje não são lineares.
Em todo o mundo, diversos esforços de avaliação e construção de cenários são empreendidos para que se descubra a partir de que ponto nossa interferência nos ecossistemas leva a uma situação irreversível. Os resultados têm mostrado que precisamos mudar urgentemente nossa forma de interagir com o ambiente e utilizar os recursos da biodiversidade, passando a operar dentro dos limites dos ecossistemas. Em 22 de maio, fixado como Dia Internacional da Biodiversidade, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a perda de espécies está chegando a um ponto sem volta.
Na Suécia, cientistas do Centro de Resiliência de Estocolmo, sob a direção de Johan Rockström, há anos estudam os fatores que influenciam na resiliência dos ecossistemas. Eles acreditam que já têm algumas respostas sobre quais os limiares dos sistemas e processos da Terra que, uma vez cruzados, podem gerar mudanças ambientais que tornariam a vida da nossa espécie bem difícil.
Em um artigo publicado na revista Nature, no ano passado, Rockström e seus colegas mostraram que há pelo menos nove processos que configuram limites para a manutenção das atuais condições de vida no planeta. São eles diminuição da camada de ozônio, acidificação dos oceanos, uso da água doce, mudanças no uso da terra, poluição química, lançamento de aerossóis na atmosfera, mudanças climáticas, perda da biodiversidade, e interferência nos ciclos de nitrogênio e fósforo. Para os três últimos, os pesquisadores acreditam que já queimamos a linha.

Embora a extinção das espécies seja um processo natural, está claro que nossas atividades nos dois últimos séculos aceleraram esse processo. Em seu artigo, Rockström mostra que os registros fósseis para vida marinha, por exemplo, são de até uma extinção por milhão de espécies por ano; para mamíferos o número não chega a uma espécie por milhão/ ano. A atual taxa de extinção de espécies é pelo menos cem vezes maior do que isso, e algumas estimativas chegam a mil. Os pesquisadores de Estocolmo dizem que o limite seguro seria até dez vezes maior do que os registros arqueológicos apontam como taxa natural de extinção das espécies na Terra.
Efeito Rebote
Ainda que a perda de biodiversidade ocorra no nível local e regional, os efeitos podem ser globais, afetando a forma como o planeta funciona. Não se pode considerar a perda de biodiversidade como um dado isolado, ela interage com diversos outros fatores, como o clima e a qualidade da água e do solo. A perda de biodiversidade também pode aumentar a vulnerabilidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos às mudanças no clima e na acidez dos oceanos. O prejuízo não é apenas para a natureza selvagem, aquela procurada para descanso e fruição nas férias. Mesmo com todos os avanços de tecnicização e engenharia genética, a agricultura depende vitalmente dos serviços ambientais dos ecossistemas.
Alterações nos sistemas naturais que levam à perda de espécies polinizadoras já provocam prejuízos a algumas culturas. Um exemplo é o estudo desenvolvido com produtores de café pelos pesquisadores brasileiros Paulo de Marco Jr. e Flávia Monteiro Coelho. Eles compararam a floração do café em diferentes tipos de plantio com e sem remanescentes florestais próximos. Os resultados, publicados em 2004 na revista Biodiversity and Conservation, mostram que as plantações próximas de fragmentos florestais tiveram um aumento de 14,6% na produção de flores, independente da técnica de plantio. A diferença de produtividade pode ser relacionada com os serviços de polinização prestados por insetos das matas próximas.
O pequeno krill é outro exemplo dessa complexa rede de relações ecológicas e seus impactos econômicos. Como o crustáceo é fonte direta de alimento para várias espécies marinhas, desde moluscos e peixes até aves e mamíferos, sua extinção afetaria até mesmo o turismo de observação de baleias no litoral baiano, que só no ano passado recebeu mais de 3 mil visitantes. Pesquisas na Antártida apontam que ele está ameaçado pela pesca excessiva e pela mudança de temperatura no oceano austral.

Se as populações de krill diminuírem drasticamente, é possível que no futuro os observadores de baleias saiam decepcionados de suas excursões – um mercado global que anualmente cresce 11% e movimenta mais de US$ 1,5 bilhão, segundo dados do Instituto Baleia Jubarte. Sem o alimento que várias espécies buscam nas águas geladas do oceano austral, muitas poderão não ter energia suficiente para se reproduzirem nas águas quentes do Atlântico.
Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da Conservação Internacional, afirma que há tempos a perda de biodiversidade afeta diretamente nossa qualidade de vida. Os surtos de hantavirose em Brasília são um exemplo claro. A expansão urbana sobre o Cerrado no Distrito Federal leva à perda de habitat e traz ratos de espécies selvagens para áreas residenciais. A maior incidência de doenças tropicais como malária e febre amarela também são um efeito bem conhecido do desmatamento. É o que aconteceu no garimpo de Bom Futuro, em Rondônia, que gerou uma epidemia de malária em 1991.

Prado não tem dúvidas de que já provocamos danos irreversíveis à biodiversidade. “O caso mais notório e simples de constatar é o dos ursos polares, que por derretimento do gelo no Polo Norte estão ficando sem habitat.” A Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) adiciona mais três pressões diretas sobre biodiversidade, além da perda de habitats e das mudanças climáticas citadas nos exemplos do ambientalista: poluição e invasão de espécies exóticas e superexploração de recursos como a pesca com redes de arrasto e nos períodos de desova.
O Tamanho do Problema
Por conta das pressões apontadas pela CBD, estima-se que um quarto das espécies de plantas e mamíferos existentes no mundo estão ameaçadas de extinção. Para aves, as estimativas estão em torno 37%; para insetos, o número chega a 75%. Apesar dos esforços para conservação feitos no mundo todo, a terceira edição do relatório GBO-3, lançado no início de maio pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), alerta que as perdas de biodiversidade e de habitats tendem a se agravar severamente ao longo do século XXI.
Os dados compilados no GBO-3 mostram cenários preocupantes. A tendência é que as florestas tropicais seguirão sendo convertidas em lavouras e pastagens e a sobrepesca continuará causando estragos nos ecossistemas marinhos, com drástica redução nos cardumes.
As mudanças de temperatura, as espécies invasoras, a poluição e a construção de barragens aumentarão a pressão sobre as espécies de água doce. Sem falar nos frágeis recifes de corais, ameaçados tanto pelo aquecimento das águas quanto pela acidificação e pela poluição nos mares.

As mudanças climáticas também provocarão mais estragos sobre a biodiversidade, alterando a distribuição geográfica de espécies e as características da vegetação de vários lugares, como a Amazônia. A forma e a escala que essas alterações poderão tomar são imprevisíveis. Um dos efeitos esperados é a migração de espécies marinhas das regiões tropicais para águas mais frias, o que diminuiria a biodiversidade nos ocea-nos tropicais e impactaria diretamente a indústria da pesca.
A contaminação por nitratos e fosfatos oriundos da agricultura e de esgotos, uma das linhas que queimamos, segundo os pesquisadores de Estocolmo, ameaça cobrir rios e lagos de algas por muitos anos. A eutrofização causada pelo excesso de algas diminui o oxigênio dissolvido na água e acaba com grande parte da fauna aquática.
Avaliadas sob o ponto de vista dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, as perdas atuais, resultantes de desmatamento e degradação florestal, significam prejuízos entre US$ 2 trilhões e US$ 4,5 trilhões por ano. Um quadro que poderia ser revertido com investimentos anuais de US$ 45 bilhões em conservação e restauração de áreas degradadas, de acordo com o GBO-3.
Lacunas de Conhecimento
Se os dados sobre o que já perdemos de espécies são alarmantes, pensar em tudo que ainda falta conhecer sobre a vida no planeta aciona outro alerta: o cenário pode ser ainda mais dramático. Há uma grande imprecisão nas estimativas sobre o número de espécies que coabitam a Terra conosco. Mesmo com técnicas cada vez mais sofisticadas de coleta, identificação e análise, a tarefa de mapear todas as formas de vida do planeta é digna de Hércules.
Os dados existentes são mais precisos para os grupos mais bem estudados ao longo do tempo, como as plantas superiores e vertebrados terrestres. Árvores, mamíferos, aves, répteis de grande porte estão nesse patamar. Quando se fala em risco de extinção de um quarto das espécies vivas de mamíferos atualmente, o dado está num cenário em que mais de 98% das espécies foram avaliadas. E, ainda assim, há novidades para se descobrir. A biologia molecular está contribuindo para refinar a classificação das espécies, mostrando diferenças invisíveis até então, um tipo de avanço que permitiu descrever uma nova espécie de elefante na África em 2001.
Mas a história é outra quando se olha para invertebrados, micro-organismos e organismos inferiores. Os dados que apontam risco de extinção de três quartos das espécies de insetos são baseados na avaliação de menos de 0,1% do total de espécies. No que diz respeito a artrópodes, os números variam na ordem de milhões: podem existir entre 2 milhões e 30 milhões de espécies no mundo.
Isso se deve tanto às dificuldades de coleta quanto de classificação e identificação. Bactérias, fungos e algas, para os quais o próprio conceito de espécie que temos atualmente não se encaixa perfeitamente, podem chegar a 100 milhões circulando por aí.

Na opinião de Thomas Lewinsohn, se houvesse dez vezes mais pessoas trabalhando com esse tipo de pesquisa, ainda assim não se daria conta do serviço neste século. “Calcula-se que as espécies de besouros passam de 1 milhão. Se este número estiver correto, faltaria identificar pelo menos 700 mil. No ritmo atual, levaríamos 650 anos pra terminar o estudo”, aponta o ecólogo.

No Brasil, que abriga em torno de 15% do total da diversidade biológica do planeta, o conhecimento é fragmentado e incompleto. Não temos uma biblioteca de referência eficiente sobre o tema e boa parte das coleções taxonômicas de nossa biota está espalhada pela Europa e os Estados Unidos. As coleções nacionais limitam-se às regiões mais desenvolvidas, povoadas ou de fácil acesso, e o recente incêndio no Butantan mostra como são vulneráveis. Para completar, temos pouquíssimos especialistas em taxonomia, a difícil arte de identificar uma espécie.

A boa notícia é que a produção de conhecimento vem aumentando. Dados da Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira, encomendada pelo MMA e publicada em 2005, indicam que a cada ano 700 novas espécies animais são identificadas. O mesmo está acontecendo com as plantas. Segundo Gustavo Martinelli, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a cada dois dias é descrita uma nova planta no Brasil. Martinelli, que coordena o ponto focal do Brasil na CBD, comemorou em maio o cumprimento de uma das metas da Convenção, com o lançamento da lista atualizada de espécies da flora brasileira conhecida. A última datava de 1916.

Saiba Mais
O que é a CDB
A Convenção sobre Diversidade Biológica foi assinada por 156 países durante a Rio-92 e entrou em vigor no final de 1993.  Tem por objetivo discutir e implementar medidas para a conservação, o uso sustentável da diversidade biológica e a distribuição justa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos. Para isso, estabeleceu 11 metas que deveriam ser atingidas até 2010.
O que é GBO -3
Global Biodiversity Outlook, em português, Panorama Global da Biodiversidade. Trata-se do terceiro relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre o estado da biodiversidade no mundo. Traz a avaliação de cada uma das 11 metas da CDB, bem como de suas submetas. Segundo o relatório, nenhuma das 21 submetas foi plenamente atingida globalmente e em apenas quatro se constataram progressos significativos.
Fonte: O ponto sem volta - Gisele Neuls - Mercado Ético.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Créditos de Carbono: As Indulgências da Era Moderna

Créditos de Carbono


Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de Carbono Equivalente.

Comprar créditos de carbono no mercado corresponde aproximadamente a comprar uma permissão para emitir GEE. O preço dessa permissão, negociado no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o emissor deveria pagar ao poder público, por emitir GEE. Para o emissor, portanto, comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter um desconto sobre a multa devida.
Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima de GEE que os países desenvolvidos podem emitir. Os países, por sua vez, criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender, a preços de mercado, o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão" no mercado nacional ou internacional.

Os países desenvolvidos podem estimular a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE) em países em desenvolvimento através do mercado de carbono, quando adquirem créditos de carbono provenientes destes últimos.


Créditos de Carbono - MDL

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) nasceu de uma proposta brasileira à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). Trata-se do comércio de créditos de carbono baseado em projetos de sequestro ou mitigação. O MDL é um instrumento de flexibilização que permite a participação no mercado dos países em desenvolvimento, ou nações sem compromissos de redução, como o Brasil. Os países que não conseguirem atingir suas metas terão liberdade para investir em projetos MDL de países em desenvolvimento. Através dele, países desenvolvidos comprariam créditos de carbono, em tonelada de CO2 equivalente, de países em desenvolvimento responsáveis por tais projetos.

Há uma série de critérios para reconhecimento desses projetos, como estarem alinhados às premissas de desenvolvimento sustentável do país hospedeiro, definidos por uma Autoridade Nacional Designada (AND). No caso do Brasil, tal autoridade é a Comissão Interministerial de Mudança do Clima. Somente após a aprovação pela Comissão, é que o projeto pode ser submetido à ONU para avaliação e registro.


Indulgências

A indulgência é a eliminação total ou parcial das penas temporais do cristão devidas a Deus pelos pecados cometidos, mas já perdoados pelo sacramento da Confissão, na vida terrena. A existência das indulgências é a consequência da crença católica de que o perdão obtido pela confissão não significa a eliminação das penas temporais, ou seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado, necessitando por isso de obter indulgências e praticar as boas obras, a fim de reparar o mal que teria sido cometido pelo pecado.
...As indulgências foram concedidas no início da Igreja para reduzir as penitências muito severas,[1] desenvolvendo-se plenamente no século III.


Créditos de Carbono X Indulgências
O mercado de carbono voluntário abrange todas as negociações de créditos de carbono e neutralizações de emissões de gases do efeito estufa (GEE) que são realizadas por empresas que não possuem metas sob o Protocolo de Kyoto e, por isso, são consideradas ações voluntárias.

Os esquemas são financiados por organizações e indivíduos que querem neutralizar o impacto das emissões produzidas pelas suas atividades. Para isso, investem em projetos que têm como objetivo reduzir as emissões de GEE, através da compra de créditos de compensação. Estes são normalmente instrumentos financeiros negociáveis chamados Reduções Verificadas de Emissão (VERs - Verified Emission Reductions), os quais representam uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) reduzida ou deixada de ser emitida.
"O Efeito Estufa não está apenas elevando a temperatura da Terra. Ele está agora aquecendo o mercado de gás carbônico. "
Funciona assim: em vez de despoluir tudo em casa, as empresas compensam parte do estrago investindo em programas purificadores da atmosfera em países em desenvolvimento. Assim, podem continuar a poluir em troca de “créditos” negociáveis em bolsas de valores. Por enquanto, uma tonelada de gás carbônico retirada da atmosfera vale entre 10 e 20 euros.
Os carbon credits funcionarão como uma espécie de indulgência ecológica, comparáveis às indulgências vendidas na Idade Média pela Igreja Católica aos fiéis endinheirados que queriam garantir um lugar no céu. Eles poderão ser negociados entre empresas e transacionados em bolsa como “ativos ambientais”.
GEE e os créditos de carbono


Uma tonelada de CO2 equivalente corresponde a um crédito de carbono.

O CO2 equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do GEE pelo seu potencial de aquecimento global. O potencial de aquecimento global do CO2 foi estipulado como 1. O potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do CO2, portanto o CO2 equivalente do metano é igual a 21. Portanto, uma tonelada de metano reduzida corresponde a 21 créditos de carbono.

Potencial de aquecimento global dos GEE:

CO2 - Dióxido de Carbono = 1

CH4 - Metano = 21

N2O - Óxido nitroso = 310

HFCs - Hidrofluorcarbonetos = 140 ~ 11700

PFCs - Perfluorcarbonetos = 6500 ~ 9200

SF6 - Hexafluoreto de enxofre = 23900









Para regulamentar a negociação de créditos de carbono, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu uma fórmula. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Portanto, quem compra um crédito ganha o direito de emitir uma tonelada a mais desse gás na atmosfera. Entram nessa lista outros gases, como o metano, que é 21 vezes mais poluente que o CO2. Veja outros exemplos:

Gás carbônico = 1 crédito de carbono
Metano = 21 créditos de carbono
Óxido nitroso = 310 créditos de carbono
Hidrofluorcarbonetos = de 140 a 11.700 crédito de carbono
Perfluorcarbonetos = de 6.500 a 9.200 créditos de carbono
Hexafluoreto de enxofre = 23.900 créditos de carbono

Indulgências Verdes

Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir.
O princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes.
Estes certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias, como o exemplo do Clean Air de 1970, e os contratos na bolsa estadunidense. (Emission Trading – Joint Implementation).

Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nível de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás espalhadas pelo mundo se preparando para vender cotas dos países subdesenvolvidos e países em desenvolvimento, que em geral emitem menos poluentes, para os que poluem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir. Crédito de Carbono é então, uma espécie de moeda ambiental.

Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 que deixou de ser lançada na atmosfera, determinada por meio de cálculos realizados através de uma metodologia específica. Além do dióxido de carbono, existem mais cinco gases que causam o efeito estufa, de acordo com o Protocolo de Kyoto – metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), perfluorcarbono (PFC) e hidrofluorcarbono (HFC). Para efeito de negociação, há também uma fórmula que converte a emissão desses poluentes em toneladas equivalentes de CO2.
Assim como ocorre no mercado de commodities, a venda desses créditos é, na maioria das vezes, um negócio fechado com promessa de entrega futura – com todos os riscos inerentes a esse tipo de negociação.

O mercado criado para negociar licenças que permitem às indústrias emitir carbono por suas chaminés pode até ter se tornado uma oportunidade valiosa para as empresas compradoras e vendedoras, mas está longe de ser bem aceito por ambientalistas e pesquisadores. O inglês Kevin Smith, ativista do Transnational Institute, organização criada em 1974 para desenvolver pesquisas e análises sobre temas de interesse mundial, publicou um relatório em 2007 no qual compara os créditos de carbono às indulgências que a Igreja Católica vendia aos pecadores na Idade Média. O trabalho, cujo título traduzido para o português é "O Mito do Carbono Neutro – Indulgências para Compensar seus Pecados Climáticos", critica profundamente a ideia de que é possível combater o aquecimento global apenas cobrando um preço sobre a poluição das empresas, sem promover mudanças significativas no modo de produção e no consumo das populações mundiais.

Outros especialistas acreditam que a melhor maneira de obrigar as companhias a diminuir emissões está na criação de novos impostos e taxas sobre o carbono emitido, um mecanismo mais transparente e com maior capacidade de resistir ao lobby dos grupos poluidores. "O MDL é interessante, mas, quando esses mercados de carbono vierem a funcionar muito bem, seu efeito corresponderá a apenas 1% das necessidades de redução das emissões. Então, não se deve dourar a pílula: a liberação de carbono na atmosfera tem de ficar cara, a fim de que haja estímulo para as pesquisas científicas e tecnológicas. Se isso não ocorrer, demorará muito mais para que se viabilize o uso do hidrogênio e da energia eólica", opina José Eli da Veiga, do Núcleo de Economia Socioambiental da Universidade de São Paulo (USP).

Outra crítica pertinente diz respeito à questão das emissões promovidas em solo nacional. Embora seja o terceiro país com mais projetos de MDL em fase de aprovação na ONU, o Brasil é um dos maiores emissores mundiais de carbono. O Plano Nacional sobre Mudança do Clima, lançado recentemente, foi objeto de diversos comentários desfavoráveis por considerar dados defasados, de 1994, e não apresentar metas específicas para controle do desmatamento. "Na melhor das hipóteses, o projeto é uma decepção. Na pior, uma embromação. Os desafios das mudanças climáticas exigem urgência e maior comprometimento do governo", afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace.

Existem outras experiências de mercado voluntário de carbono em todo o mundo. Para alguns especialistas, sem elas o sistema de compra e venda previsto por Kyoto não teria tido o relativo sucesso apresentado até hoje. Em todos os casos, a expectativa é que os ganhos das empresas que oferecem créditos cresçam, acompanhando a elevação da demanda por parte das que poluem. Em contrapartida, esse cenário denota que a redução das emissões é um objetivo bem mais difícil de atingir, confirmando o discurso dos céticos. As reclamações não passaram despercebidas por quem opera na negociação do carbono. De acordo com Bruno Maier, a venda de papéis, isoladamente, está longe de ser a solução definitiva para o problema do aquecimento global. "Existem críticos muito severos, mas é preciso entender que o Protocolo de Kyoto é parte da solução do problema, apenas um começo."

Há, ainda, outras incertezas quanto a esse mercado. Em primeiro lugar, o acordo internacional tem validade apenas até 2012 e outro documento para substituí-lo mal começou a ser negociado. É praticamente um consenso que um novo pacto global pós-Kyoto, com regras mais rígidas para redução das emissões e a participação dos Estados Unidos, precisa começar a ser planejado agora, sob risco de que haja um retrocesso fatal daqui a quatro anos. Além disso, ao mesmo tempo em que pensam como reduzir suas emissões, as indústrias poluentes terão de se preocupar também em absorver a diminuição do consumo e a maior restrição a crédito que se configura após a crise financeira que explodiu nos últimos meses do ano passado, outro ingrediente que promete tornar ainda mais acalorado o debate acerca do aquecimento global.

Obsolescência Programada X Sustentabilidade

Já notaram como uma bateria que compramos para substituir a original de um produto, seja de um celular, telefone sem fio ou notebook, por exemplo, nunca dura tanto quanto a bateria original? Ou como as impressoras jato de tinta se recusam a imprimir do nada, exigem trocas de cartuchos cada vez mais rápidas? Compramos uma máquina de lavar, e em pouquíssimos anos elas já esta parando de funcionar e exigindo manutenção, geralmente tão cara que nos leva a comprar um produto novo?
É muito comum notarmos como os produtos mais antigos duravam mais, eram mais confiáveis, e funcionavam até por décadas. Muitas vezes vemos esse mecanismo como apenas uma redução de custo das empresas, através do uso de materiais mais baratos e piores.

Mas a coisa vai mais a fundo. Desde a o inicio do século XX os capitalistas começaram a ver que produtos duráveis nem sempre eram vantajosos para os seus lucros, e que poderiam intervir nisso. Em especial na segunda metade do século XX um novo conceito se estabeleceu, a obsolescência programada. Seja através do design, da durabilidade, pela redução da manutenibilidade de produtos, o capitalismo busca fazer não produtos melhores, mas piores.


Obsolescência programada é o nome dado a vida curta de um bem ou produto projetado de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período reduzido. A obsolescência programada faz parte de um fenômeno industrial e mercadológico surgido nos países capitalistas nas décadas de 1930 e 1940 conhecido como descartalização, causando grandes danos ao meio ambiente e prejuízos aos consumidores em geral. Faz parte de uma estratégia de mercado que visa garantir um consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar tendo que ser obrigatoriamente substituídos de tempos em tempos por mais modernos. Na minha opinião este é um dos principais problemas que a humanidade sofre no mundo atual.

Um movimento interessante vem mobilizando milhares de pessoas pelo mundo, este movimento leva o nome Electronics TakeBack Coalition onde as pessoas envolvidas estão devolvendo para os fabricantes os objetos eletrônicos que não mais funcionam.



Sustentabilidade
Sustentabilidade é a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo. Em anos recentes, o conceito tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, o que requereu a vinculação da sustentabilidade no longo prazo, um "longo prazo" de termo indefinido, em princípio.
O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a uma pequena comunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:
  • ecologicamente correto
  • economicamente viável
  • socialmente justo
  • culturalmente diverso
O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Segundo o Relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas".
O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment - UNCHE), realizada em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, a primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente.


Conclusão

Vários estudos têm alertado que tanto a população da Terra quanto seus níveis de consumo crescem mais rapidamente do que a capacidade de regeneração dos sistemas naturais. Um dos mais recentes, o relatório Planeta Vivo, elaborado pela ONG internacional WWF, estima que atualmente três quartos da população mundial vivem em países que consomem mais recursos do que conseguem repor.
Só Estados Unidos e China consomem, cada um, 21% dos recursos naturais do planeta. Até 1960, a maior parte dos países vivia dentro de seus limites ecológicos. Em poucas décadas do atual modelo de produção e consumo, a humanidade exauriu 60% da água disponível e dizimou um terço das espécies vivas do planeta.

Segundo o estudo do WWF, o colapso ambiental pode custar ao mundo US$ 4,5 trilhões por ano em reparações. E, apesar das promessas de que o crescimento do PIB reduziria a pobreza, as desigualdades econômicas se mantêm: a cada US$ 160 produzidos no mundo, só US$ 0,60 chegam efetivamente aos mais pobres.

"O argumento de que o crescimento econômico é a solução já não basta. Não há recursos naturais para suportar o crescimento constante. A Terra é finita e a economia clássica sempre ignorou essa verdade elementar", afirma o ecoeconomista Hugo Penteado, autor do livro Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem.

Embora as empresas venham repetindo a palavra sustentabilidade como um mantra, são pouquíssimas as que fizeram mudanças efetivas em seus modelos de negócio. O desperdício de matérias-primas, o estímulo ao consumismo e a obsolescência programada (bens fabricados com data certa para serem substituídos ) ainda ditam as regras. "Mesmo nas companhias que são consideradas vanguarda em sustentabilidade, essas questões não estão sendo observadas. O paradigma vigente é crescer, conquistar mais consumidores, elevar o lucro do acionista."

Outro pilar da ecoeconomia é a defesa do estado estacionário - conceito reformulado pelo economista Herman Daly, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, com base nas ideias de John Stuart Mill, um dos pais da economia política do século 19. Daly, que foi economista sênior do departamento de Meio Ambiente do Banco Mundial, defende que "a economia sustentável deve, em algum ponto, parar de crescer. Embora isso não signifique, necessariamente, parar de se desenvolver."

A transição rumo à economia sustentável proposta por Daly implica eliminar o fator quantidade. A produção de bens seria limitada à necessidade de reposição dos itens. Produtos de vida mais longa poderiam ser substituídos mais lentamente, com menor impacto sobre os recursos naturais. Nesse cenário, o fabricante prestaria serviços vinculados a bens alugados, como manutenção, recolhimento e reciclagem ao fim de sua vida útil.

No setor financeiro, a ausência de crescimento provavelmente faria que os juros caíssem. E também traria mudanças no alvo do sistema tributário. "Me paro de recursos e a poluição, e deixar de taxar o que mais queremos, a renda." (
Autor: Andrea Vialli - Fonte: O Estado de S. Paulo e UNISINOS).